Nota inicial: Alegria, pique, iniciativa e desejo sexual são as várias manifestações de uma mesma energia poderosa: a libido, que movimenta a vontade não apenas de sexo, mas também de curtir a vida e lutar por nossas metas.
Acordar de manhã com todo o pique para enfrentar o dia que vem pela frente. Descobrir que a cabeça está tão cheia de ideias que é preciso anotá-las em um caderno.
Olhar no espelho, vestir a roupa mais bonita, se perfumar e ir ao encontro de quem se gosta. Tudo isso é manifestação de uma mesma energia: a libido.
Costumamos associar essa palavra unicamente a sexo e aprendemos que alguém libidinoso é cheio de volúpia e sensualidade.
Porém, a força da libido que todos temos em níveis que variam de pessoa para pessoa, não se resume apenas a vontade de desfrutar contato erótico.
Essa energia pode ser canalizada para as realizações em qualquer área, no trabalho, nos relacionamentos, nas amizades, nas criações artísticas, na geração de ideias.
A libido movimenta o desejo não só de volúpia, mas também de buscar os nossos objetivos. Não provoca apenas o gosto pelas grandes conquistas, mas também pelo prazer que habita os grandes gestos do cotidiano.
Ela nos dá não só a excitação por outra pessoa, mas pela própria vida. A sexualidade é apenas uma das manifestações dessa energia vital.
Nise da Silveira faz uma descrição da libido: “Libido é apetite, é instinto permanente de vida que se manifesta pela fome, sede, sexualidade, agressividade, necessidades e interesses diversos”.
Carl Gustav Jung quis dizer com a libido, em geral, toda a energia mental de um homem. Ao contrário de Freud, Jung considera esse poder como semelhante ao conceito do Extremo Oriente do chi ou prana, ou seja, como um esforço geral para alguma coisa.
O conhecimento de que a força da libido pode ser utilizada com outros propósitos, além da obtenção do prazer sexual, já era corrente há milhares de ano na Índia, no Japão e na China e compartilhada por filosofia como taoísmo, tantrismo, yoga e as medicinas chinesas e aiurvédica.
Santo Agostinho foi o primeiro a distinguir três tipos de desejos: a libido sciendi desejo de conhecimento, a libido sentiendi, desejo sensual em sentido mais amplo, e a libido dominendi, desejo de dominar.
A libido segundo Freud, não está relacionada somente com a sexualidade, mas também está presente em outras áreas da vida, como nas atividades culturais, caracterizadas pela sublimação da energia libidinosa.
A pulsão, que é a pressão exercida pelo somático no psíquico, é a base da sublimação psicanalítica. Freud acha que as atividades artísticas e investigações intelectuais, mesmo sem aparente ligação com a sexualidade, são dela emanadas.
É a troca do objeto sexual originário por um que não o é. A transformação dessa atividade numa atividade sublimada necessita de um tempo: o recuo da libido para o eu, que torna possível a dessexualização.
Exemplo: Um lutador de boxe direciona a sua agressividade para o esporte, uma vez que dentro do ringue essa manifestação é socialmente aceitável.
A concepção espírita afirma que a sublimação é o caminho do equilíbrio. Implica processos dolorosos de renúncia, de repressão equilibrada e de investimento da energia libidinal em objetivos mais elevados.
Na Doutrina Espírita, o instinto sexual é visto em termos de co-criação, que é um direcionamento das forças sexuais da alma para um determinado fim. Quanto mais animalizado for o Espírito, mais tenderá para os gozos sensíveis. Conforme for depurando o instinto sexual, mais tenderá para a sua integração com a Humanidade.
Por oportuno colaciono abaixo temas acerca do assunto e chamo atenção para o trecho de Marcuse: Eros e Civilização.
Nota♠ Cuidado: pequenas preocupações e ideias fixas abalam mais a nossa vitalidade do que os conflitos reais e importantes.
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