“É pelo trabalho que o ser humano se confronta com as forças da natureza e, ao mesmo tempo que a modifica transforma a si mesmo, humaniza-se.” Karl Marx
Existe um fenômeno que marca o cenário atual: A “falta de tempo” parece que os dias se tornam cada dia mais curto e o tempo passa cada vez mais rápido.
Por outro lado, a luta pela sobrevivência é grande. E a necessidade de sustento leva muitos indivíduos a priorizar o trabalho. E com isso acabamos normalizando o excesso de ofício, a falta de tempo, a exaustão, o estresse.
Além disso, o panorama atual exige o imediatismo, que acaba tendo como consequência: a pressa, e a sensação bem comum no nosso dia a dia. Mil coisas para fazer e parece que faltam horas no seu dia.
E tentar ser produtivo o tempo todo é improdutivo e altamente prejudicial. Já perdi as contas de quantas vezes que, mesmo cansada, me obriguei a consumir conteúdo e produzir algo, porque considerava o descanso improdutivo.
E o pior: Se sentir improdutiva porque precisava descansar mas aí não conseguia descansar porque estava sendo improdutiva. É um ciclo infernal que não desejo pra ninguém.
Afinal, ser altamente funcional não é sinônimo de estar bem. Descansar também é uma forma de estar sendo produtivo.Uma pesquisa feita pela Universidade de Kansas mostrou que a “desconexão” depois do trabalho permite ter uma recarga muito maior de energia para o dia seguinte.
A prática ajuda a aliviar a chamada “fadiga de decisão”, que é a deterioração da qualidade das suas escolhas em virtude de longas horas de trabalho e decisões.
Aliás, é importante ressaltar que os sermões religiosos já pregavam a importância do descanso. Seja através do segundo Testamento, “Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo Ele descansou”, ou através de Cristo no sermão da montanha: “Contemplai o crescimento dos lírios dos campos, eles não trabalham nem fiam e , todavia”.
A defesa do ócio enquanto um momento de criação e reflexão, distinto, portanto da noção de “não fazer nada”, também aparece na literatura do ocidente como uma resposta à sociedade industrial que tornou os indivíduos cada vez mais atarefados e presos ao mundo do trabalho.
Decidi me libertar da exaustão como símbolo de status e da produtividade como fator de autoestima. Com a maturidade a gente aprende que desacelerar é tão ou mais importante que acelerar. Saúde mental, espiritual e física é o que vai nos manter firmes para seguir em frente!
Não precisa parar, basta desacelerar! Afinal, somos a peça fundamental dessa engrenagem, precisamos nos cuidar, respeitar o nosso tempo e limite. Temos que aprender a ser gentil conosco.
Entretanto, também observo que a maioria das pessoas ocupa o tempo que sobra, o tempo livre, com mais afazeres e atividades, no lugar de usufruir um tempo para si ou dedicá-lo ao ócio.
Por outro lado, aqueles que procuram usufruir seu tempo livre se veem diante do consumismo que o mercantiliza e o deteriora por meio de atividades pobres de significado e capazes de levar o ser humano à alienação.
Dessa forma, o ócio que na Antiguidade levava os sábios e filósofos a desenvolver ideias e teorias interessantíssimas sobre a vida, a natureza e o ser humano, passa a ser o tempo que leva ao nada. Bertrand Russel, em sua obra Elogio ao Ócio 👇🏿👇👇🏼, afirma que a educação atual ignora as necessidades dos indivíduos. Os componentes na formação de conhecimento têm como objetivos qualificá-los profissionalmente.
Ignorando os pensamento e desejo da pessoa, o tempo livre é ocupado com temas mais amplos, sem sentido e totalmente impessoais. Dessa forma o ócio, tem sido manipulado de tal maneira que se transformou em um mecanismo que gera ideias consumistas, ou seja, o tempo livre e o ócio são utilizados para falsas necessidades materiais. Isso pode ser facilmente constatado com a preponderância do Ter sobre o Ser, uma ambição desmedida por coisas, por “prosperidade”.
Por fim, cabe expor as ideias apresentadas por M. Cuenca em Ocio Humanista, dimensiones y manifestaciones actuales del ócio.
“(…) Diante do mundo de evasão, distração e espetáculo que nos rodeia, o ser humano se torna cada vez mais limitado, cada vez mais dependente das máquinas, menos ator e mais espectador de uma realidade irreal. Falar do ócio se transforma nesse contexto num questionamento de cada um consigo mesmo, de como ser um pouco mais livre para fazer o se quer (…)A vivência de ócio é uma experiência que nos ajuda a nos realizar, nos conhecer, nos identificar, nos sentir melhores, sair da rotina, fantasiar e recuperar o equilíbrio das frustrações e desenganos”.
Momentos de lazer.💃 O que você faz para se divertir? Escrevo coisas que fazem as pessoas pensarem sobre a sua existência humana?
👉🏻👉🏽👉🏾https://veja.abril.com.br/comportamento/por-que-o-direito-ao-ocio-se-tornou-tema-inescapavel-no-pos-pandemia
Advertência📣 Colacionei o texto acima👆👆🏿👆🏼, a fim de que refletíssemos a nossa relação com a máquina.
Para saber+👉👉🏻https://lavrapalavra.com/2020/06/22/direito-a-preguica-e-ao-ocio-paul-lafargue/