Você pode mudar o seu caráter?

 

♠Virtude em Aristóteles

 
Aristóteles, em Ética a Nicômaco, II, 6, diz que avirtude é a disposição adquirida voluntária, em relação a nós, na medida, definida pela razão em conformidade com a conduta de um homem ponderado. Ela ocupa a média entre duas extremidades lastimáveis, uma por excesso, a outra por falta. Enfatiza, também, que, embora consista numa média, em relação ao bem e à perfeição ela se situa no ponto mais elevado. Como pode a virtude ser ao mesmo tempo média e ápice?
Para entender corretamente o texto filosófico, devemos localizar os termos mais importantes, e suas noções. Assim, virtude (arétè) designa toda excelência própria de uma coisa, em todas as ordens de realidade e em todos os domínios. Aristóteles a emprega assim, embora lhe acrescente o valor moral. Disposição (héxis) é definida como uma maneira de ser adquirida. O latim traduziu héxis por habitus. A virtude só será habitus se se retirar desse termo o caráter de disposição permanente e costumeira, mecânica, automática.
Mediedade (mésotès): este termo remete tanto ao termo médio de um silogismo quanto à média (ou ao meio termo) que caracteriza a virtude.
Como, pois, entender que virtude é média e ápice? Aristóteles parte de um conceito geral e delimita-o depois. Diz, primeiramente, que a virtude é agir de forma deliberada; depois, fala em agir em prol do mais alto bem. Ao falar dela como héxis, enfatiza uma capacidade adquirida, constante e duradoura, o que elimina a pretensa qualidade inata.
Assim, ao se comportar moralmente, o homem deve também se comportar racionalmente, ou seja, uma razão que já passou pela prova dos fatos; a mediedade, diz ele, é a que o homem prudente determinaria. E determinaria em função dos homens superiores a ele. Por isso é oportuno aconselhá-los a imitarem os melhores.
mediedade opõe-se a dois vícios simétricos. Como estamos no campo da moral, o que vale não são as idéias, mas a prática dessas idéias. Perguntaríamos: quais são essas práticas que não são virtudes?
Os vícios. Explicação: a natureza moral jamais é natural, e sim o resultado de uma maneira de ser adquirida – para mais ou para menos –, o que representa sempre um excesso. Por exemplo, a coragem é virtude delimitada por essa falta que é a covardia e esse excesso que é a temeridade. A virtude revela-se portanto como um meio termo.

A virtude não é média, ela é a média justaSaímos do âmbito quantitativo onde tudo é colocado no mesmo plano e passemos ao âmbito qualitativo. Observe que tanto nas paixões como nas ações, há condutas que estão abaixo ou acima do que convém. A virtude não é assim uma média aritmética dos excessos para mais ou para menos, ela é o vértice de eminência, ou seja, é ela quem diz qual é o vício para cima ou para baixo.

O óbolo da viúva, de que nos lembra o Evangelho, vem a calhar: a viúva que deu apenas uma moeda, deu mais do que o rico, pois enquanto este deu o que lhe sobrava, para ela a quantia representava uma privação.

Esta reflexão sobre a virtude em Aristóteles serviu-nos para melhor apreciar os termos que usamos constantemente. Devemos, assim, lembrar que a virtude é sempre uma disposição a ser adquirida na prática do bem. Ou seja, há sempre algo a melhorar.


Fonte:  Sérgio Biagi Gregório

Martim Seligman, depois de décadas de estudos coma psicologia positiva, comprovou que o forma o nosso caráter são as virtudes que desenvolvemos em vida.

O estudo feito identificou um grupo de 6 virtudes consideradas praticamente universais, virtudes que são parte da natureza humana, tanto quanto andar sobre dois pés.

As seis virtudes são: A sabedoria e o conhecimento. A coragem. A humanidade. A Justiça. A temperança. E a transcendência.

POR QUE AS VIRTUDES SÃO IMPORTANTES?

De acordo com Seligman, o bom caráter pode ser cultivado. Para isso, porém, é preciso criar ferramentas conceituais e empíricas necessárias para desenvolver e avaliar as intervenções adequadas.

Segundo Seligman, as pessoas só são realmente felizes, quando descobrem e utilizam suas virtudes em todos os aspectos de suas vidas. Este é um importante caminho para o funcionamento otimizado e para a plenitude.

Hoje em dia, a maioria das pessoas parece acreditar que o caráter é importante de acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, não aprender valores é o principal problema enfrentado pela juventude de hoje.

Autores sugerem que essas virtudes podem ter um fundamento biológico – foram selecionadas por um processo evolucionário porque nos ajudam a atingir a excelência ao lidar com desafios, constituindo, assim, um aspecto importante para a sobrevivência da espécie humana.

As forças de caráter são os ingredientes psicológicos (processos ou mecanismos) que definem as virtudes. Ou, em outras palavras, são as rotas que podemos distinguir para manifestar as virtudes.

Por exemplo:  A criatividade, a curiosidade, a mente aberta, o amor ao aprendizado, e a perspectiva são forças de caráter que formam a virtude Sabedoria e o Conhecimento.

A bravura, a persistência, a integridade, e a vitalidade formam a virtude Coragem.

O amor, a bondade e a inteligência social, são forças da virtude Humanidade.

Cidadania, equidade, e liderança formam a Justiça.

Já o perdão, a humildade, a modéstia, a prudência, e o autocontrole, são forças da virtude Temperança.

A excelência, a gratidão, a esperança, o humor e a espiritualidade, a virtude Transcendência.

Um exemplo para entender em um contexto prático, a virtude da coragem pode ser atingida, quando exibimos comportamentos típicos da bravura, persistência, integridade e ou vitalidade, que são as forças associadas a essa virtude. Isso nos leva à seguinte reflexão, já expressa há milhares de anos por Aristóteles. Não existem virtudes teóricas.

Não somos sábios, ou corajosos, ou justos porque dizemos ou pensamos que somos, mas porque nosso comportamento expressa as forças que manifestam essas virtudes.

Nas palavras de Seligman, uma pessoa possui um bom caráter, quando seu comportamento manifesta ao menos 1 ou 2 forças associadas a um grupo de virtudes.

As forças são situacionais, ou seja, pode ser aplicadas em diferentes situações. Por exemplo, você pode aplicar a força do amor na família, nas relações pessoais, nas relações comunitárias e assim as forças da coragem no trabalho. Além disso, certas forças podem surtir bom efeito no trabalho e um péssimo efeito nos relacionamentos familiares. Assim, é de crucial importância que as pessoas utilizem forças certas para obter os resultados desejados.

Por isso, você pode já subentende que a ordem de hierárquica das suas forças podem mudar de tempos em tempos de acordo com o seu momento atual.

O QUE,EXATAMENTE, DEFINE UMA FORÇA DE CARÁTER?

Seligman estabeleceu 10 critérios que distinguem uma força de outros conceitos,como por exemplo, qualidades, atributos, características ou talentos.

Os critérios são os seguintes:

  • Uma força contribui para satisfazer diversas necessidades relevantes para que a pessoa possa ter uma boa vida. E também ajudar os outros a ter uma boa vida. Ela contribui para a realização.
  • Embora a força contribui para produzir resultados desejados, ela tem valor por si própria, mesmo na ausência de benefícios tangíveis. Por exemplo, ainda que uma pessoa não obtenha nenhum benefício concreto por agir com bondade em determinada situação, ela age mesmo para que possa se sentir bem consigo mesma. Se as forças fossem circunstanciais, isto é, usadas só quando temos algo concreto a ganhar, elas não seriam forças de caráter.
  • O uso que um indivíduo faz de suas forças jamais diminui as pessoas que estão ao seu redor. Ao contrário: nós nos sentimos admirados, motivados, inspirados e energizados quando vemos alguém usando suas forças. Isso porque as forças são usadas de modo autêntico, e não para exibir-se ou mostrar-se superior aos outros – na verdade, quem faz isso não está manifestando uma força genuína, está apenas sendo arrogante ou narcisista.
  • O foco da força de caráter é sempre positivo. Em muitos casos, há uma escala que vai do negativo ao zero e prossegue pelo positivo. Por exemplo, pense na bondade. Podemos imaginar uma escala que vai da maldade (digamos -5) ao zero (nem bom, nem mau) até a bondade extrema (+5). Ao falarmos em forças, sempre nos referimos ao lado positivo da escala.
  • Conforme foi dito, outra característica das forças é que elas devem ser manifestadas por meio de comportamentos, e de um modo que possa ser medido ( a Produzindo Produtividade tem um teste que mede como você usa as suas forças).
  • Mesmo que algumas forças possuam características similares, elas não são idênticas. Cada força possui seu conjunto especifico de características
  • As forças de caráter estão inseridas em paradigmas consensuais. Isto significa que cada cultura possui um conjunto de narrativas, histórias, crenças, parábolas, canções, poemas, lendas e modelos que as exaltam e descrevem. E aqui é importante parar para refletir, o que acontece quando essas narrativas, que eram passadas as crianças, são substituídas pelo culto às celebridades. Os paradigmas consensuais facilitam o reconhecimento de pessoas que, por usarem suas forças de modo muito intenso, acabam se tornando uma espécie de modelo ou de “corporificação” dessas forças.
  • Muitas das forças identificadas por Seligman podem ser manifestadas muito cedo na vida, gerando os chamados prodígios. Chamamos de prodígios crianças que manifestam certas habilidades ou talentos precoces. Assim, como é possível manifestar talento precoce para música, matemática, e várias outras atividades, também é possível manifestar as forças precocemente. Contudo, Seligman acredita que os prodígios não surgem do nada – eles necessitam de um ambiente no qual suas forças sejam cultivadas e incentivadas.
  • Outro critério para que algo seja identificado como uma força, é a existência de pessoas que exibem a total ausência dessa mesma força. Ou seja, as exceções que confirmam a regra. Algumas vezes, a total ausência de alguma força, (imagine uma pessoa sem nenhuma bondade, ou sem nenhuma prudência…) pode ser creditada a distúrbios psicológicos. Mas Seligman alerta que, em diversas situações, isso pode ser creditado a falhas de caráter.
  • Por fim, há uma relação entre forças e rituais. A sociedade fornece instituições e rituais que cultivam forças e virtudes e estimulam sua prática. Por exemplo: escolas, igrejas, práticas esportivas e culturais para crianças, cursos de liderança para jovens, instituições que ensinam e divulgam noções de cidadania e ações comunitárias e muitas outras.

Todas as forças podem ser cultivadas e desenvolvidas. Quer saber quais forças você precisa desenvolver para aumentar as suas virtudes e desenvolver o caráter que gostaria.

 Fonte= Produzindo a produtividade Adriano Abner

 

Nota♣ ESSES DIAS enquanto desabafava com uma pessoa sobre as dificuldade que tenho em lidar com o comportamento de certas pessoas . RECEBI O SEGUINTE CONSELHO: sE TE AGREDI , TE FAZ INFELIZ, CAI FORA! porém, VOCÊ também tem a oportunidade de se esforçar para vencer esta dificuldade, não pelo outro , mas , por você.