Filosofia e outras formas de pensar

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Filosofia Hoje: fevereiro 2012

Nunca sei ao certo
se sou um menino de dúvidas
ou um homem de fé
certezas o vento leva
só dúvidas continuam de pé”
Paulo Leminski 

A Verdade e a Parábola

Um dia, a Verdade decidiu visitar os homens, sem roupas e sem
adornos, tão nua como seu próprio nome.
E todos que a viam lhe viravam as costas de vergonha ou de
medo, e ninguém lhe dava as boas-vindas.
Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, criticada, rejeitada
e desprezada. Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou
a Parábola, que passeava alegremente, trajando um belo vestido e
muito elegante.
— Verdade, por que você está tão abatida? – perguntou a
Parábola.
— Porque devo ser muito feia e antipática, já que os homens me
evitam tanto! – respondeu a amargurada Verdade.
— Não é por isso que os homens evitam você. Tome. Vista
algumas das minhas roupas e veja o que acontece.
Então, a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola e,
de repente, por toda parte onde passava era bem-vinda e festejada.
Moral da história: Os seres humanos não gostam de encarar
a Verdade sem adornos. Eles a preferem disfarçada.

Fonte: SILVA, Maria Carolina; PRAZERES, Luiz. Parábola. Disponível em: <http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/

Parábolas📖Segundo os filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari, no livro O que é a filosofia?O pensamento religioso é um “pensamento por figuras”, enquanto a filosofia é um “pensamento por conceitos”. O pensamento por figuras usa metáforas e parábolas, enunciando histórias que servem como grandes quadros explicativos para
a vida humana. Esses ensinamentos não dão margem a dúvidas e implicam aceitação plena por parte dos fiéis. Podemos ver isso nos ensinamentos dos antigos sábios chineses, como Confúcio, e também no cristianismo: no Novo Testamento, vários evangelhos contêm parábolas sobre passagens da vida de Cristo. O judaísmo também utiliza esse tipo de ensinamento, como a parábola ao lado.

Exercícios Espirituais📜Segundo Pierre Hadot (1922-2010), filósofo e historiador da filosofia, o pensamento antigo foi marcado pela prática de exercícios espirituais. Embora tenham sido mais evidentes nas filosofias que se dedicaram intensamente à prática de vida, como o cinismo, o epicurismo e o estoicismo, os exercícios também eram encontrados em outras escolas filosóficas. A escrita e a meditação são dois exemplos de exercício espiritual.

Os exercícios de escrita incluem:📓 escrever sobre si mesmo, como forma de se conhecer melhor; escrever um diário, narrando os acontecimentos de cada dia, para
analisar os fatos e suas decisões; escrever cartas para parentes e amigos, narrando
sua vida e falando de si mesmo.

As meditações sobre temas da vida 🧐são um modo de preparar-se para o que acontece. Meditar sobre a morte, por exemplo, pode ser uma forma de não temê-la. Um
exercício recomendado pelos estoicos era, pela manhã, ao acordar, pensar em tudo
de ruim que poderia acontecer naquele dia. Caso uma dessas coisas acontecesse, a
pessoa não seria pega de surpresa; caso nada daquilo acontecesse, poderia, na meditação de balanço ao final do dia, concluir que tinha sido uma boa jornada.

Epiteto acreditava que há coisas que dependem de nós, das quais
somos agentes (o impulso, o desejo, as opiniões), e coisas que não dependem de nós, das quais não somos agentes (o corpo, a reputação, a riqueza). Coloca-se aí a oposição entre liberdade e servidão: não podemos dizer que não somos livres porque não controlamos as coisas que não dependem de nós. Ao contrário, a liberdade consiste em podermos controlar aquilo que depende de nós: o pensamento e a vontade. Se ficamos
presos às coisas materiais, que não dependem de nós, não somos livres.
A liberdade é condição para termos a alma tranquila e sermos felizes,
pois, quando ficamos presos aos bens materiais, o desejo de ter sempre
mais nos perturba e impede a felicidade. A ética estoica consistia, portanto, em aprender a querer o acontecimento, a desejar para si aquilo que não estivesse sob nosso controle, de forma a saber usá-lo em proveito próprio. Se fico me lamentando por aquilo que me acontece e que não controlo, não posso ser feliz. Mas, ao contrário, se acolho o que acontece e vivo de acordo com isso, no fluxo dos acontecimentos, então estou no controle da vida e tenho a alma tranquila e feliz.

Fonte . Filosofia : experiência do pensamento : volume único / Sílvio Gallo. — 2. ed. — São Paulo

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