No Cativeiro da Mente

Nota inicial "Não é fácil enfrentar as nossas ruínas, mas é a única maneira de sermos autores de nossa história e não vítimas  dela."

Conta-se a história de duas freiras que caminham juntas e não podem ter nenhum contato com homens. Em determinado momento, elas encontram um senhor de idade com dificuldade para atravessar a rua.

Uma delas não hesita e o ajuda a atravessar. O senhor agradece e a freira segue em frente. Depois de mais de uma hora caminhando em silêncio, a freira que não havia ajudado o homem se vira para a outra e diz: “Você sabe que não deve ter contato com homens. Por que o ajudou?” A outra responde: “Saiba que meu ofício é ajudar quem precisa. Eu o ajudei há mais de uma hora, mas é você quem está com o homem até agora no pensamento.

Nota de rodapé mental Esse texto me faz refletir que o ideal é que fosse assim:  que lidássemos com os acontecimentos deixando ir, seguindo em frente. Contudo, a gente gosta de ficar remoendo. Como se fosse um prazer masoquista.

E o pior é quando resolvemos travar duelos mentais, se atormentar  por coisas que ainda não aconteceram  e que na maioria das vezes não acontecem. Com o tempo percebemos que não passam de fruto da nossa imaginação fértil.

Temos que tomar cuidado para não ser prisioneiro do único lugar onde deveríamos ser livres : dentro de si mesmo.

 

O EXISTENCIALISMO DE SARTRE

O existencialismo de Sartre, pensamento separativista da percepção e da imaginação, A Existência precede a essência, pensamento desenvolvido em o ser e o nada.

“Não somos aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós”, ou ainda; “O importante não é o que fazemos de nós, mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós.” JEAN PAUL SARTRE (1905-1980).

Antes de chegar nesta tão celebre frase, Sartre passou por toda uma construção anterior desse pensamento desembocando posteriormente no pensamento conhecido como existencialista. Em L´Imaginaire desenvolve um pensamento separativista da percepção e da imaginação, em L´Être et le néant contesta o subconsciente freudiano desvinculando-se do determinismo religioso,e  no qual no decorrer da leitura vê-se o cerne da ideia posterior de responsabilizar o homem pelos seus próprios atos expondo a ideia de liberdade como um aprisionamento do ser (“Não somos livres de ser livres”) já que o homem é o único ser capaz de criar o nada:  “Ao tomar uma decisão, percebo com angústia que nada me impede de voltar atrás. Minha liberdade é o único fundamento dos valores.”

 Desta forma gera no homem a angustia de saber que nada o impede de voltar atrás, o medo de arcar com sua própria liberdade. Assim, condenados a uma liberdade insatisfatória, jamais alcançando o que realmente desejamos sendo, portanto, uma liberdade irrealizável.

 A Existência precede a essência?

 Para o pensamento de Sartre Deus não existe, portanto o homem nasce despido de tudo, qual seja um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem, o que significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para concebê-la, a única natureza pré-existente é a biológica, ou seja; a sobrevivência, o resto se adquire de tal forma que não vem do sujeito é ensinado a ele pelo mundo exterior.

 Se Deus não existe não encontramos, já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim não teremos justificativa para nosso comportamento. Estamos sós, sem desculpas.  É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre (pensamento desenvolvido em o ser e o nada). Condenado, porque não se criou a si mesmo, mas por estar livre no mundo  estamos condenados a ser livres, mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é, ou seja;

 “Não somos aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós”.

 O homem é aquilo que ele mesmo faz de si, é a isto que chamamos de subjetividade. Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é de por todo o homem na posse do que ele é e de submetê-lo à responsabilidade total de sua existência. Para o existencialista não ter a quem culpar já que Deus não existe, e o subconsciente não existe é o que leva ao pensamento da liberdade não livre, pois, junto com eles, desaparecem toda e qualquer possibilidade de encontrar valores inteligíveis, nem um modelinho pré-definido a ser cumprido.

  A fórmula “ser livre” não significa “obter o que se quer”, e sim “determinar-se a escolher”. Segundo Sartre o êxito não importa em absoluto à liberdade. Um prisioneiro não é livre para sair da prisão, nem sempre livre para desejar sua libertação, mas é sempre livre para tentar escapar.

 Sendo livres somos responsáveis por nossas ações consequentemente somos livres para pensar e conceber nossos próprios paradigmas, não sendo então aquilo que fizeram de nós e sim nos criando a partir do que fizeram de nós. Somos o que escolhemos ser.

Leila Caroline Jaronski

 Source:http://orbita.starmedia.com/~jeanpaulsartre/

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