Outro dia precisei fazer uma viagem para resolver questões em Belo Horizonte, optei em ir de ônibus, viajei de madrugada, queria chegar logo cedo, resolver o que tinha que resolver e voltar.

Como se diz na gíria popular: Dar um Bate-volta (pit-stop ), contudo, houve um imprevisto: quando  estávamos próximo da rodoviária  o coletivo  quebrou, já pensou?

Conversei com outras pessoas que estavam no transporte, e propus a partilha de um táxi(Uber), uma das pessoas me contou que estava indo ir viver na cidade, havia arrumado um trampo(trabalho) e pretendia recomeçar a sua vida.

Ela estava cheia de malas, e quando chegamos na rodoviária ajudei a carregar os seus pertences.

Contudo, uma voz começou a sussurrar no meu ouvido, será que o que figura está contando é verdade? O que será que tem nessas malas? E se for algo ilícito? Ou algo errado? Rapidamente me desvinculei  e segui o meu rumo.

Depois comecei a refletir sobre a situação:  a causa-raiz desse problema,  é a falta de confiança nas pessoas.

Estamos em um momento em que deixamos de ajudar o próximo por falta de confiança no ser humano. Uma sociedade triste que anda pelas ruas e evita olhar dentro dos olhos uns dos outros, porque ninguém confia em ninguém.

Não sei se isso é uma coisa genética, consciência coletiva , afinal o processo humano é marcado por guerras, fugas, lutas contra os inimigos.

Só sei que a situação vem piorando nos últimos anos. Atualmente, a confiança está se tornando um privilégio que poucos estão oferecendo e recebendo.

Porém, tanto nos negócios como na vida, a confiança é essencial. Todos nós a desejamos, a maioria acredita merecê-la, e poucos admitem tê-la violado em algum momento. Mas o que significa, exatamente, confiar?

No dicionário, acreditar é sinônimo de confiar. Na vida real, as pessoas separam estes dois conceitos, há uma diferenciação simbólica que ocorre nas decisões do dia a dia.

Acreditar é crer, tem relação com a percepção que temos sobre algo, tem a ver com uma imagem idealizada. Quando o senso comum diz que “está dando um voto de confiança”, está dizendo que acredita na possibilidade, tem relação com uma expectativa futura.

Confiar, redundantemente, é depositar uma confiança em algo ou alguém, existe uma relação mais objetiva de “entrega”, pressupõe uma ação.

Essencialmente, confiar se refere a ceder voluntariamente uma medida de controle a outro, a marca psicológica da confiança é a vulnerabilidade. Confiança, em última instância, representa um salto de fé baseado no otimismo em relação à humanidade, muitas vezes com evidências limitadas.

A confiança, porém, não ocorre espontaneamente. Ela envolve um vasto processo de iniciação, cuidados, avaliações e reparos.

Não se engane: cultivar e manter a confiança é um trabalho árduo e constante. Ela pode ser bastante frágil, bastando um malfeito para desestabilizá-la – apenas uma omissão ou mentira pode arruinar uma reputação de confiabilidade construída cuidadosamente ao longo de uma vida inteira.