Todos nós somos, de certo modo, programado para a grande viagem da individuação, a busca pelo nosso próprio “eu”, a tentativa de nos diferenciarmos do coletivo e nos desprendermos de opiniões alheias.
Carl Jung, no conceito de individuação, ressalta a necessidade de sermos únicos e assumirmos o nosso papel nas nossas vidas.
De forma resumida, a individuação é a jornada através do qual o indivíduo é impulsionado a tornar-se consciente de suas próprias potencialidades, a ser a pessoa que nasceu para ser.
Para que isso ocorra, o pai da Psicologia Analítica esclareceu que é necessário diferenciar-se do coletivo para que o indivíduo possa viver a sua própria identidade.
Diferenciar-se não é tarefa fácil, pois ainda somos emocionalmente dependentes das opiniões alheias, ainda somos “tentados” a manter a nossa máscara, a persona para poder agradar o coletivo.
Muitas vezes, a pressão vem do próprio ambiente familiar, que tenta modelar o indivíduo para cumprir o que lhe agrada, e não o chamado de sua própria alma.
Ps♣ A vida não é um antagonismo, a única competição que pratico é a auto-competição, ou seja, ser melhor a cada dia.
O objetivo da individuação é nada menos que despir o self dos falsos invólucros da persona, por um lado, e do poder sugestivo de imagens primordiais, pelo outro.
PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
O processo de individuaço é o tema central da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung. Para Carl Gustav Jung a individuação é um processo de diferenciação que tem por meta o desenvolvimento da personalidade individual. Assim como o individuo não é um ser isolado, mas supõe uma relação coletiva com sua existência, do mesmo modo o processo de individuação não leva ao isolamento, mas a um relacionamento coletivo mais intenso o geral.
Portanto, não se trata de individualismo.
Esse processo geralmente começa com um choque de realidade para o ego, que começa a perceber que não é o “dono de sua própria casa”. Existem outras forças que até então permaneciam ocultas no inconsciente e que são mais fortes do que, os chamados complexos. É nesse momento, no confronto com essas forças, que a máscara da ilusão cai. O ego precisa aceitar sua parte sombria e aceitar que não é o centro da psique.
Nesse instante começa um relacionamento entre o inconsciente e consciente, que se concretiza por meio de um símbolo, que os une.
Mas esse não é um processo de aceitação de si mesmo apenas. O individuo, além de se conhecer, deve se colocar no mundo. Ele deve buscar o equilíbrio entre as demandas do mundo interno e externo. Sua individualidade deve estar a serviço de um bem maior.
Se tornar si mesmo não significa tornar-se perfeito, mas pleno, completo, com as dores e delicias de ser quem se é. Aceitando-se e se corrigindo.
Primeiro há o encontro com nossa sombra – aquilo que queremos esconder do mundo e de nós mesmos; depois o encontro com o outro diferente de nós (anima e animus) e também com a força que nos sustenta e que é maior que nós; a força que impulsiona ou trava o nosso caminho, mas que insiste em nos levar ao nosso destino, o Self. Depois disso temos que nos relacionar com o coletivo e saber incorporar em nossas vidas todo o aprendizado que tivemos com esses aspectos interiores.
A humildade é primordial nesse processo. Ela nos faz lembrar que o importante não é não errar, mas procurar não cometer o mesmo erro. É sempre buscar erros novos, para uma ampliação de consciência. Não esquecendo que a mudança é sempre provisória.
O processo de individuação é constante, não tem fim e seu objetivo máximo é nos tornar mais humanos.
A individuação é inevitável e seu resultado é incerto. É mais fácil idealizá-la do que realizá-la. Porém, mesmo sentindo-se pequeno para empreender essa árdua tarefa, lembre-se que cada indivíduo possui recursos suficientes para tanto e que seu esforço gerará frutos para uma transformação tanto pessoal quanto coletiva.