“Quem não sabe povoar a sua solidão também não saberá ficar sozinho em meio a uma multidão” . Charles Baudelaire
Etimologicamente, em português, tanto solidão quanto solitude vem do latim solitudine, são sinônimos. No entanto, comungo com o pensamento do teólogo alemão Paul Tilich. Segundo ele, a palavra solidão expressa à dor de estar sozinho. E solitude, a gloria de estar na própria companhia.
Afinal, quando estamos a sós, as percepções se refinam, é muito mais fácil prestar atenção ao que quer que seja. O foco se fecha e, sem nada para competir com ele, penetramos mais fundo no nosso intimo. Assim, vislumbramos soluções e novas ideias.
A solidão estimula a imaginação, sendo um preâmbulo para alterar a realidade na direção desejada. Nesses preciosos instantes resgatamos a intimidade como o nosso verdadeiro eu, e enxergamos os próximos passos que precisamos dar em nossa jornada.
Se uma pessoa fica exilada do contato consigo mesmo, privado de sua solidão, pode sucumbir a uma avalanche de solicitações que não são suas. Nossos sonhos futuros são construídos nesses momentos, quando estamos desconectados das opiniões e influências alheias.
Ser só dói. Até aprendermos a extrair o prazer da própria companhia. “Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.” Fernando Pessoa
“Um homem pode ser ele mesmo apenas se está sozinho; e se ele não ama a solitude, ele não vai amar a liberdade; pois é apenas quando ele está sozinho que pode ser verdadeiramente livre” (Schopenhauer).