“O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas.”
Martin Luther Kin
Quando conheci o Distrito Federal pela primeira vez, como já dizia Renato Russo. “Fiquei mistificada com a cidade, meu Deus mais que cidade linda”.
Nessas minhas idas ao Planalto Central, conheci muita gente interessante, um radiestesista, uma geógrafa que me explicou que o tal “trim”, a magia que eu sinto quando piso no Centro Oeste, era por que o local é feito sobre rochas, cristais e granitos.
Lá ouvi muitas estórias, ouvi também histórias como a do Parque Ana Lídia, também conhecido como o caso “Ana Lídia Collor de Mello”.
Fiquei sabendo mais como o “centro do poder”, a máxima autoridade sobre as leis, o local que guarda o chefe do estado, foi criada. Região que na minha humilde opinião, é a que melhor representa a colonização brasileira, o famoso “coronelismo”.
Lembra-se, os “gringos do mal“, fugindo de suas províncias, viam para cá; trapacear, roubar, explorar, se apropriar das terras indígenas, enriquecer rápido, para eles aqui era terra de índio, terra de ninguém, eles eram os coronéis, mandavam e desmandavam, faziam o que queriam, o que melhor lhe convinha.
Porém, o Brasil tem muitos atrativos e também atraiu os “gringos do bem”, os que acreditam em igualdade, os que lutam por direitos humanos, os intelectuais. No entanto, eles fazem barulho, incomodam, cobram, questionam, contestam, fazem movimentos sociais, e os coronéis não gostam.
O que os coronéis pensaram, por que ficar perto deles? Por que não transferir o “centro do poder” para longe, para o meio do mato/serrado? A gente camufla e continua agindo como coronéis.
O que pouca gente sabe é que apesar da capital do país ter sido fundada por Juscelino, este já era um projeto do império, quando D. João VI veio para o Brasil, lá pelos idos do Século XIX, já se pensou nisso, documentos com propostas semelhantes se avolumaram e, em 1823, após a independência, José Bonifácio de Andrada e Silva chega a falar no nome de “Brasília” para a nova capital.
Projetos de lei sobre o assunto são debatidos e a Constituição de 1891 já prevê a transferência da capital. E a Constituição de 1946 diz textualmente que “A Capital da União será transferida para o Planalto Central do País”.
Finalmente, a 15 de março de 1956, o então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira propôs ao Congresso Nacional a fundação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (NOVACAP), a qual será chamada de Brasília.
Lembrei-me que na época de sua fundação, a imprensa era amordaçada, e a música quando queria contestar a política, camuflava em letras de amor, e este dueto “Elis Regina e Milton Nascimento – Caxangá”, representa bem esta época.