O nome advogado soa como um grito de ajuda. “Advocatus, vocatus ad”, chamado a socorrer. Também o médico é chamado a socorrer, mas só ad advogado se dá este nome. Quer dizer que á entre a prestação do médico e a do advogado uma diferença, que não voltada para o direito, é, todavia, descoberta pela rara intuição. Advogado é aquele, ao qual se pede, em primeiro plano, a forma essencial de ajuda, que é propriamente a amizade .
Francesco Carnelutti
O primeiro papel do advogado é prestar solidariedade…Ele tem o papel de socorrer aqueles que necessitam de auxílio para os conflitos humanos inerentes a esta condição; é um médico, não da estrutura física molecular humana, mas de almas errantes, ou não, que por algum infortúnio estão sob o risco de sofrer uma ação.
Assim está o advogado sob o signo da humilhação junto com o seu cliente, e se sujeita a pedir, suplicar e sofrer junto com ele todas as consequências advindas de um processo.
Tal como a medicina hipocrática, para qual não há doenças, mas apenas doentes, o médico cuida do corpo, o advogado luta pela cura das feridas abertas na alma dos injustiçados, pobres ou ricos, isto é, “homens e mulheres nominalmente acusados perante a justiça, homens e mulheres de carne e osso, que se apresentam, cada qual em si mesmo, como seres únicos e insubstituíveis”. (Fábio Konder Comparato)
O advogado deve guardar a seguinte verdade: No exercício da advocacia “devemos sempre nos preparar para o fracasso. Isto torna mais gratificante o sucesso” “Em advocacia é preciso pensar, planejar e ter muita calma”. É preciso ouvir tudo para depois separar as emoções daquilo que possa merecer análise jurídica” a advocacia é uma luta de paixões. Se em cada batalha forem enchendo tua alma de rancor, chegará um dia em que a vida será impossível para ti. Terminado o combate, esquece, logo, tua vitória como tua derrota.”(Código da Vida,) “
A identificação com o cliente e com a causa é uma verdadeira necessidade, o advogado tem que abraçar o drama judiciário do qual participa, não como um objeto manipulado, mas como um autêntico protagonista.
Pois tal como o teatro, o Direito é uma arte, e o advogado, por conseguinte, um artista. Artista porque deve saber o momento certo de entrar na cena, as falas decoradas tais quais estão as leis positivadas, com as belezas do improviso.
Mas ainda que se tenha um script, um texto positivado (escrito em códigos), o direito é mais do que os enunciados normativos, mas é essencialmente uma visão de palco, uma ambientação estratégica de como pensar o caso, como ver o cliente, como encaixá-lo numa petição e, sobretudo, como pensar e raciocinar o direito.
Não basta, portanto, decorar, tem que sentir. Semelhanças não são em vão. Analogia à parte – que é bem contextualizada com o momento atual, não retirando o caráter histórico e futurista da essência artística do Direito, é fato que o Direito é um espetáculo, com gêneros dramáticos, melancólicos, humorísticos, mas sempre com um suspense: qual será o pronunciamento do Juiz?