Paralelo entre o cenário atual e outros momentos da história

 A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da...

“Reclamar = Clamar 2 vezes!” ..

Esta época, como todas as outras, pode ser muito boa, se simplesmente soubermos o que fazer com ela.Ralph Waldo Emerson

Ninguém pode negar que o novo Coronavírus (Sar-Cov-2) entrou para história da  humanidade, nenhum filme de ficção científica nos preparou para isso.

Ele veio para: sacudir, rever hábitos, valores, crenças. Fomos obrigados a modificar os nossos hábitos, houve uma mudança de rotina brusca e bastante significativa, longe de nossos afetos, dos afazeres cotidianos.

Tivemos que arrumar um novo jeito de viver, de sobreviver. Estamos todos vivendo sob uma nova norma coletiva. A maior crise humanitária depois da 2ª Guerra Mundial .

E coincidentemente antes de eclodir a pandemia, falava-se na 3ª Guerra Mundial, Lembra?

Aproveitei o momento de isolamento social para tentar entender o ocorrido através dos eventos catastróficos, fiz pesquisas relacionadas a: mortes coletivas, guerra, calamidades, doenças contagiosas.

Foi quando reparei que ao longo da história da humanidade, essas circunstâncias são comuns: Como se houvesse um ciclo de geração que se repete. É quase como as estações do ano.

O primeiro evento sobre mortes coletivas que temos conhecimento é o dilúvio mítico Noé, depois houve vários a título de exemplo cito: a Praga de Atenas ou a Peste do Egito, depois teve a gripe espanhola,1ª e 2ª Guerra Mundial, a Grande Depressão e assim por diante.

Responsáveis pelo extermínio de significativa parcela da HUMANIDADE, grandes epidemias, guerras teriam como agente no surgimento e na proliferação, sua maior vítima: o ser humano.

Do sarampo ao ebola que ainda hoje faz vítimas na África Ocidental, passando por peste negra, gripe espanhola e cólera, todas as graves doenças que varreram países e continentes começaram e se expandiram por eventos direcionados ao homem.

Percebi que coincidentemente o inicio da pandemia veio acompanhado pelo começo da tecnologia 5G, o advento desta tecnologia está sendo considerada a Quarta Revolução Industrial.

Detalhe, durante o isolamento social, quem foi a nossa principal companhia?Não foi o computador? A internet? Houve o impulso da modernização óbvio e sentido diariamente por meio de técnicas digitais, como videoconferências, ensino pela internet ou trabalho remoto.

Outrossim, outra peculiaridade bastante interessante é que a Terceira Revolução Industrial, chamada também de Revolução Informacional, começou logo após a Segunda Grande Guerra, a economia internacional começou a passar por profundas transformações, que vão muito além das transformações industriais.

O mesmo ocorreu com a 1ª Guerra Mundial, dizem que foi impulsionado pela Revolução Industrial, o conflito tornou-se uma das maiores carnificinas da história.

Este foi o sexto confronto mais mortal na história da humanidade e que posteriormente abriu caminho para várias mudanças políticas, como revoluções em muitas das nações envolvidas.

Contudo, as crises provocam não somente medo e ressentimento, mas também trazem impulsos positivos e soluções criativas, assim como vem acompanhado da evolução, do aperfeiçoamento.

Depois de todos estes eventos trágicos foram criados movimentos coletivos, globais de grande progresso para a humanidade como: A ONU Organização das Nações Unidas, criada em 24 de outubro de 1945, Organização Mundial de Saúde, fundada em 7 de abril de 1948.

Do mesmo modo, em 1948 foi publicada a carta oficial contendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual assegura, para todos e todas, os seus direitos básicos.

Por fim, cheguei à seguinte conclusão: Não se pode subestimar ao fato que certas coisas fogem ao controle da maior inteligência ou do conhecimento existente.

Acredito que existe um mundo organizado que a mente humana não é capaz de captar e neste Universo existem caminhos, métodos que ainda  não conseguimos entender.

(¹) Alcorão. Ele possui as chaves do incognoscível, coisa que ninguém, além d’Ele, possui; Ele sabe o que há na terra e no mar; e não cai uma folha (da árvore) sem que Ele disso tenha ciência; não há um só grão, no seio da terra, ou nada verde, ou seco, que não esteja registrado no livro lúcido” (6ª Surata versículo 59)

 Pior do que uma história que se repete... Alexandre França

Espelhos Distantes, como o próprio nome já sugere, abordará alguns questionamentos da humanidade através de sua melhor ferramenta de auto-reflexão: a História.

Cada uma das edições será um espelho para diferentes períodos históricos, cujas lições podem ser transportadas para os dias atuais.

E as principais temáticas deste arco são a liderança, o poder político e a já recorrente importância do sonhar.

A primeira história, Termidor, se passa na França de 1794, ainda vivendo os desdobramentos da Revolução. Lady Johanna Constantine, a antepassada de John Constantine que conhecemos em Homens de Boa Fortuna, é escolhida por Sonho para recuperar a cabeça de seu filho Orfeu (fruto de seu relacionamento com Calíope).

Vários indícios na obra nos levam a crer que existem regras rígidas sobre a atuação de Sonho no mundo dos homens, principalmente quando em benefício próprio. Portanto, faz sentido que ele precise de uma intermediária para resolver questões de sua própria linhagem.

O problema é que a cabeça de Orfeu (que fala e que vai muito bem de saúde, obrigada) é também alvo da cobiça de Robespierre, um dos líderes da Revolução responsável pela execução de milhares de pessoas. Por ser o verdadeiro personagem central da história, embora acompanhemos os fatos sob a narrativa de Johanna, centrarei nele minhas reflexões.

 

Robespierre, numa rápida busca pela Wikipedia, foi um dos expoentes mais radicais da Revolução. Sendo conhecido por “O Incorruptível”, Robespierre encarna um dos arquétipos mais perigosos do mundo político: o fanático bem-intencionado.

Robespierre crê num mundo de pura lógica e racionalidade, abominando qualquer forma de espiritualidade, crença ou superstição. Ou, trocando em miúdos, Robespierre não tolera qualquer posicionamento contrário ao seu, por considerá-lo danoso à “França liberta”. O que o torna uma pessoa sem um mínimo de tolerância e moderação. Um verdadeiro tirano.

E pior, um tirano que realmente acredita estar fazendo o bem. Envolvido em sua própria loucura fanática, Robespierre não consegue enxergar a realidade, condenando à morte um sem número de cidadãos e perdendo seu tempo e recursos em busca de uma cabeça perdida que simboliza algo que ele mesmo se recusa a acreditar. Percebem a ironia? Robespierre quer destruir algo que ele jura de pé junto não existir. E como realmente acredita ser uma espécie de herói para a França, ele não hesita em utilizar quaisquer que sejam os métodos para obter a cabeça de Orfeu. Aqui, os fins justificam os meios. Basta você substituir a cabeça de Orfeu por alguma outra coisa no âmbito social para compreender o perigo do fanático bem intencionado.

Até porque, continuando com as curiosidades de Wikipedia, Robespierre tem em seu currículo algumas lutas louváveis: era a favor do sufrágio universal e da abolição da escravatura. Até hoje, muito se debate sobre seu papel como vilão, ou não, na França. Mas podemos ter certeza de que, em Sandman, a fé cega em suas convicções torna Robespierre um homem insano. Ao fazer valer sua posição de que “eu sei o que é melhor para o bem da França”, o personagem acaba indiretamente retirando a liberdade de seu povo, gerando insegurança e um eterno clima de traição.

Quanto ao plot de Sonho, confesso que Termidor me deixou um pouco na mão: queria ter compreendido melhor a história de Orfeu e seu relacionamento com o pai (que não é lá muito íntimo, pelo que pudemos notar).

 

Nossa segunda história, Agosto, nos leva para o Império Romano, onde acompanhamos um dia da vida do Imperador Caius Octavius. Novamente, apesar de ser a figura central, a narrativa de Caius é contada a partir do ponto de vista de outra pessoa, no caso, do anão Lycius.

Lycius é uma ótima escolha como personagem. Ele é irreverente ao mesmo tempo em que possui uma grande simplicidade e curiosidade inata, e por isso é perfeito para o papel de questionador do imperador. Lycius é análogo ao corvo Matthew: alguém cujas perguntas nos levarão mais fundo nas reflexões sem que soem como um bando de “porquês” amontoados e bobos.

Caius sempre me passa um ar de fadiga. Pudera, além de anos ocupando o cargo de imperador romano (um “emprego” que acumula funções administrativas, bélicas, religiosas e políticas), Caius é também sobrinho e herdeiro do famoso Júlio César, o homem cuja sombra o atormentou por toda a vida.

Parte desta canseira é explicada pelo próprio Octavius em seu discurso enquanto pedinte. Ora, se todos os homens desejam seguir a um líder, a alguém que possa resolver seus problemas e tomar para si as decisões cruciais do império, então a quem segue o imperador? Se o imperador é apenas mais um homem, como espera-se que este seja capaz de saber o melhor para todos? Quem governará o governante? É, sem dúvidas, uma responsabilidade pesada demais para um ser humano. Ou, como Lycius diria, quando você possui o poder de decisão sobre a vida e a morte de seres vivos, você já está ocupando o papel de um deus.

“Nós seguimos nossos sonhos”, é o que responde Caius. E, de fato, o imperador é conhecido na História por ter alcançado um tempo de relativa paz e desenvolvimento para Roma.

 

Acho engraçado que Caius também afirma para Lycius que o nome do mês, Agosto, logo logo será substituído por outro, mas que o império será seu verdadeiro legado. E, nos dias atuais, enquanto agosto continua firme e forte nos nossos calendários, o império romano não mais existe.

Embora esta seja apenas uma meia verdade. O legado romano pode ser observado até hoje, suas construções ainda estão lá, sua cultura diluiu-se pelo mundo, suas conquistas moldaram muitas fronteiras do globo.

Caius possuía duas profecias, a de um império eterno e a da queda de Roma. E parece que ele conseguiu as duas coisas. Seu legado permaneceu, ao mesmo tempo em que destruiu o sonho concretizado de seu tio, que abusava-lha na infância.

Octavius comenta com Lycius o quanto a paz e prosperidade romana é dependente das conquistas bélicas. Enquanto houver a anexação de territórios, enquanto houver a guerra, o interior do império se desenvolve, acumula riquezas. E a tomada violenta de tesouros alheios é uma marca de Júlio César. Assim como Caius foi também tomado pelo tio enquanto era jovem, enquanto estava vulnerável. Imagino que isto tenha pesado na decisão de Caius, esta vontade de mudar a mentalidade romana de uma eterna expansão territorial…

 

E finalmente chegamos a Três Setembro e um Janeiro, última edição do arco e uma das mais interessantes do ponto de vista dos Perpétuos.

Nela acompanhamos o desespero de Joshua Norton, personagem que planeja suicídio após uma série de desventuras que o deixam na miséria. Como um homem que sempre sonhou em ser grande, e possuir riquezas e fama, Joshua é frustrado a tal ponto que só poderia mesmo pertencer ao território de Desespero, a irmã gêmea de Desejo.

Porém, Joshua não consegue reunir coragem suficiente para dar cabo da própria vida. O que faz Desespero começar a ter ideias…

Ela convida seu irmão Sonho para competir contra ela, Desejo e Delírio pela vida de Joshua. A missão de Morpheus é redimir Norton, torná-lo um bom homem, e seus irmãos farão tudo que estiver ao alcance para atrapalhá-lo.

 

Esses joguetes revelam muito sobre o relacionamento da família Perpétua. Podemos notar que há um grau de “imaturidade” nos irmãos mais novos (a própria Morte recrimina Sonho por se render às provocações), e que existe muito ressentimento pela partida “do irmão Pródigo”, cuja identidade ainda é um mistério. Desespero culpa Sonho pela partida do irmão, e levando em consideração o que o Morpheus-pre-confinamento era capaz, posso bem acreditar que ele tenha lá seus centavinhos de culpa.

Pessoalmente, espero que a partida do Pródigo não seja o motivo maior para o desentendimento dos irmãos. Acho mais interessante a ideia de que este embate é uma questão de natureza. De que o propósito de Desejo, por exemplo, é intrinsecamente estar em oposição à Sonho, como no Yin Yang.

Mas voltemos a Joshua (que é um personagem real da História, viu? A Wikipedia me contou!). Ao se denominar Imperador dos Estados Unidos, Joshua é envolto numa forma de proteção do sonhar. Suas fantasias, suas ilusões, são responsáveis por tornar seu mundo mais agradável, mais tolerável. Joshua para de enxergar apenas suas falhas e passa a viver seu sonho, que acaba por realmente gerar frutos no mundo real: ele torna-se uma pessoa famosa e conquista a simpatia de muita gente (até de restaurantes que aceitam seus recibos).

 

Aqui Gaiman nos ensina, mais uma vez, a importância do sonho. Joshua é o contraponto de Robespierre. A loucura de um o mantém protegido, enquanto a loucura do outro o destrói. A diferença é que enquanto Joshua habita uma loucura fruto do sonhar, Robespierre parece uma criação de Delírio.

É desta mesma Perpétua, inclusive, uma das melhores falas desta edição: “sua loucura o mantém são”.

“Sua loucura o mantém são”.

 

 “A loucura de um o mantém protegido, enquanto a loucura do outro o destrói”.

Me despeço de Espelhos Distantes com a certeza de que Gaiman é um cara culto pra caramba. São tantas referências por página que tenho certeza de que deixei passar muita coisa até aqui. Creio que Sandman será uma daquelas obras para reler de tempos em tempos, descobrindo coisas novas a cada releitura. Tesouros enterrados.

Fonte: LendoSandman – Espelhos Distantes bookwormscientist.com › lendosandman-espelhos-dista…

Ps♥ “Máxima predominante é “crer para compreender e compreender para crer”. A especulação filosófica, embora distinta da fé, instrumento dela, é “serva da teologia”.

 

 

9 pensou em “Paralelo entre o cenário atual e outros momentos da história

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