METEMPSICOSE e o CONCEITO DE REMINISCÊNCIA em PLATÃO

(…) a alma é pois, imortal: renasceu repetidas vezes na existência e contemplou todas as coisas existentes na terra como no Hades e por isso não há nada que ela não conheça (…)” – Trecho extraído de Mênon (Platão).

Platão compreende que a alma é imortal e que ela ocupa um corpo físico e mortal apenas de maneira provisória. Através de seus escritos, o filósofo sustentou o conceito de “metempsicose” que significa a transmigração de uma alma em vários corpos (incluindo animais e vegetais, não apenas humanos) por meio de várias existências. No Fédon, Platão faz uma separação entre corpo e alma, afirmando que o primeiro é mortal, mutável e ininteligível, e que a alma, por sua vez, é divina, imutável, eterna, inteligível e existe antes do nascimento e depois da morte. No mesmo diálogo acima citado, escreveu: “As almas existiam antes de assumir a forma humana, independentemente dos corpos e eram dotadas de inteligência”. (PLATÃO, p. 32, 2012).

Além deste referido dualismo, o filósofo considera que há almas puras e impuras. As primeiras, quando desencarnam dos corpos fixos, passam a viver eternamente no Mundo das Ideias, enquanto que as segundas retornam para o mundo material e, se necessário, repetem o ciclo de reencarnações até se purificarem. Para que uma alma viva na eternidade sem retornar, é preciso que tenha atingido a sabedoria filosófica. Algumas almas podem até ter sido virtuosas em vida, contudo, se não tiveram contato/estudo da Filosofia, retornarão no corpo de animais que sejam igualmente virtuosos. Já os homens que viveram sem praticar nenhuma virtude e também não estudaram filosofia, reencarnarão como amimais selvagens ou então, suas almas vagarão eternamente sem chegar a lugar algum.

Antes, porém, de uma alma vir para o Mundo Sensível, ela encontra-se no Mundo das Ideias, que consiste (resumidamente*) num plano imutável, abstrato, e eterno, no qual existem as essências que compõe o Mundo Sensível.  Platão sustentava também que a alma, antes de habitar um corpo físico, contemplava as verdades absolutas neste plano perfeito e, posteriormente, quando estava encarnada, esquecia-se do que havia contemplado, embora pudesse vir a lembrar do que viu anteriormente. Conforme Botelho esclarece (p. 77, 2012): “Platão afirma que antes de nascermos, nossa alma visita o mundo das ideias e contempla as formas”. É neste ponto que surge o conceito de “reminiscência”, pois o conhecimento, para Platão, consiste numa recordação daquilo que já se sabe e que se encontra no íntimo de cada ser encarnado, e que pode ser relembrado através da prática da dialética.

Há um trecho do Fédon (PLATÃO, p. 41, 2012) que pode facilitar a compreensão desta abordagem acima referida: “Um excelente argumento, disse Cebes, que serve de comprovação é o seguinte: quando as pessoas são interrogadas, se formulares bem as perguntas, elas sempre fornecem respostas concretas por sua própria conta acerca de qualquer assunto; ora, se não tivesse dentro de si algum conhecimento e a correta explicação não poderiam fazê-lo”. Isto significa que a atividade filosófica faz com que aquilo que foi contemplado seja extraído do interior e retorne à consciência.”Nosso intelecto vai aos devolvendo algumas das coisas que nossa alma conhecia, antes de nascer; aqueles que seguem o caminho da sabedoria podem resgatar plenamente a Verdade que um dia contemplamos e que esquecemos ao vir ao mundo” (BOTELHO, 2015 p. 83).  Portanto, as verdades residem no interior do homem, e são somente relembradas, mas não aprendidas pela primeira vez.

Fonte: Por: Juliana Vannucchi

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Aprender é recordar

1 – Concepção platônica de alma.

De acordo com Platão, um princípio organizador, de natureza “divina” ou espiritual, o “Demiurgo”, fazendo uso da “matéria universal”, produziu o “mundo sensível” (percebido por nossos olhos e demais sentidos), mundo esse regido e animado pela “Alma do Mundo”, ou “Alma Universal”. Esse elemento imaterial é responsável, através de suas parcelas ou “almas individuais”, pela mobilidade e pelo eterno processo de mudanças do mundo sensível.

A Alma do Mundo, que evolui servindo-se da matéria universal, manifesta-se das mais diversas formas e maneiras. O Universo é, na verdade, um imenso organismo vivo.

A alma individual, ao fixar sua essência num corpo terreno, este, a partir de então, acionado pela alma, parece mover-se por si mesmo. Essa união de alma e corpo chama-se ser vivo. Uma vez, porém, que a alma se liberta da prisão do corpo, este morre, mas não a alma, por ser dotada de vida eterna.
Imortal e imutável, a alma humana, além de dar vida ao corpo, é causa também de outras coisas que se passam nele, como desejos, apetites e paixões. Tais atributos, tão distintos, organizam-se em três partes da alma, tendo cada uma dessas partes uma atribuição:

• a da concupiscência é a sede dos desejos, dos apetites e das paixões, como amar, comer, beber…

• a irascível, responsável pela sobrevivência do ser humano, é a sede da “raiva” contra tudo que ameace a vida.

• a inteligível é a sede da razão, que conduz à sabedoria, da memória e do intelecto, faculdades que possibilitam o conhecimento.

2 – Teoria da reminiscência

Platão pretende mostrar, em dois de seus diálogos (Fédon e Mênon), que aprender é recordar algo que já sabemos, mas que está adormecido em nós. Isso, no entanto, não poderia acontecer se a verdadeira “pátria” da alma não estivesse em outro “lugar” e em outro “tempo”.

Como é possível a certas almas humanas ultrapassar as aparências ilusórias do mundo sensível? É que o mundo de origem da alma é uma região “divina” onde ela contempla as Ideias. É de lá que a alma vem para encarnar num corpo físico. E o fato de tanto ver as coisas sensíveis (pálidas e imperfeitas cópias das Ideias) pode despertar nelas (certas almas) conhecimentos latentes – lembranças adormecidas que lhes vêm daquele mundo ideal.  É o que Platão chama de “anamnese” (em grego, “anámnesis”, reminiscência, recordação).

Platão ensina, porém, que toda alma – e não apenas algumas – poderia elevar-se das coisas múltiplas e mutáveis do mundo sensível às Ideias unas e imutáveis do mundo inteligível pela dialética. Existe uma “dialética do espírito”. Com efeito, a harmoniosa clareza da matemática lembra a ele a ordem e a luz do mundo inteligível. Essa ciência exata, “quando a gente a estuda para saber e não para fazer negócio, pode abrir à alma o caminho que a levará da esfera das coisas perecíveis à contemplação da verdade e do Ser”.

No Mênon, Sócrates, personagem principal dos diálogos platônicos, conversa com um criado para provar que essa criatura simples, que nada sabe de geometria, pode, por meio de hábeis perguntas, lembrar-se do conhecimento obtido anteriormente pela alma e então entender complicados teoremas.

“Então”, remata o filósofo, “estando toda a natureza relacionada e tendo a alma o conhecimento, em estado latente, das coisas do mundo das Ideias, nada impede que, lembrando-se apenas de uma coisa – isso que as pessoas chamam de aprender –, chegue a descobrir todo o resto, se for corajosa e não se cansar de investigar. Porque investigar e aprender nada mais é que recordar.”

Fonte:  J. A. Martins 10/2017

Ps♥ A vida é uma simples adaptação das coisas exteriores.

Um comentário em “METEMPSICOSE e o CONCEITO DE REMINISCÊNCIA em PLATÃO

  1. Здравствуйте!

    Сегодня напишу об одной армейской песне под гитару.
    Эта песня внушает большой оптимизм всем слушателям, особенно тем кто служит или служил в армии.
    В песне рядовой в романтической форме просит рассказать девушку в письме о том как соскучилась по нему.
    Хорошо угаданный мотив и гитарный перебор создают огромный объем словам до куплета.
    Когда наступает куплет, и он начинается с приема назыаемым хук. Собственно сам хук состоит из слов “напиши мне”. В некоторых вариантах песни словечко “мне” опускается и остается только “напиши”.
    Эту песню исполняют очень многие и еще больше людей уважают ее. И почему ни один не сделал ей новую аранжировку?
    И вот наступил этот момент когда в люди, в 2019 г вышла версия песни в духе транс хаус.

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